dentro da fidelidade que me instiga a vida diante das coisas que me fazem sentir verdadeiramente, vem-me à mente uma indagação de nélida piñon, extraível de seu livro das horas, e memorável pela força que carrega: ‘acaso ocorre o mesmo com o amor e a morte, sempre iminentes?’. a resposta, em palavras, parece encontrar consonância em versos de vinicius, quando do seu soneto sobre o tema: ‘quem sabe a morte, angústia de quem vive; quem sabe a solidão, fim de quem ama’. eis que, para o término das coisas, basta-se estar vivo. não sob uma visão pessimista, creio. ao revés, tão realista que bem capaz de fazer florescer um paralelo em que a única justificativa para a vida seja amar. o fundamento maior, de um sentimento que germina ainda no ventre materno e segue o bonito ciclo: cresce, envelhece e se eterniza. não finda. e nos dá sentido para tudo o que é vivo e nos ladeia, sobretudo e sempre para os semelhantes que nos atravessam olhares e afagos ao longo da jornada durável e terminativa. aqui a diferença. a morte é uma etapa física. necessária, inclusive. mas incapaz de pôr fim ao que de mais bonito a gente pode fazer ao viver: revestir de infinito o amor. lição que vem de mãe pra filho em sucessão, seja em que geração for.
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