e se as tardes não fossem de encontros e reencontros consigo, não seria tão doce vagar em si, com a vistosa saudade do que ainda não veio e com a rotineira sensação de que o horizonte crepuscular resiste firme, altivo e belo - se indo devagar.
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terça-feira, 2 de outubro de 2018
terça-feira, 4 de setembro de 2018
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
acontece de haver dias assim, feito nuvens ao céu, em dispersão, fracionamento e submissão ao tempo. dias de entregas, em que se deixa o mundo florescer pela crença serena no azul, solto, ao léu. dias avessos ao avesso e sem pretensões kafkianas, em que os pensamentos decorrem do movimento natural das coisas, genuinamente, rudimentarmente. dias em que se espera acontecer. e só.
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
é um sujeito inquieto para distâncias. tudo o que está longe e lhe é essencial parece agoniá-lo em demasia. pela ânsia de ter perto o que o alimenta, pela sobriedade do equilíbrio que vem do ato de compartilhar vivências. em decorrência, oscila o humor, em risos fáceis de versos tristes e lágrimas estancadas de pensamentos energicamente eufóricos. suas contradições não são expressáveis, pois contidas em seu olhar constantemente pisado. sente saudade e se prende na liberdade que é poder sentir. para tudo o que se faz amargo, adoça com o afeto que lhe é próprio por uma xícara de café. sujeito de variáveis e incontáveis vontades: em seu paradoxo de se manter distante do que é banal, sonha em poder dizer pequenas expressões cotidianas sem que aparelho nenhum as intermediem. todos os dias opera a terapia da aceitação - na imposição do necessário. é, pois, melhor dizendo, um sujeito anacrônico, avesso ao seu tempo.
domingo, 12 de maio de 2013
dentro da fidelidade que me instiga a vida diante das coisas que me fazem sentir verdadeiramente, vem-me à mente uma indagação de nélida piñon, extraível de seu livro das horas, e memorável pela força que carrega: ‘acaso ocorre o mesmo com o amor e a morte, sempre iminentes?’. a resposta, em palavras, parece encontrar consonância em versos de vinicius, quando do seu soneto sobre o tema: ‘quem sabe a morte, angústia de quem vive; quem sabe a solidão, fim de quem ama’. eis que, para o término das coisas, basta-se estar vivo. não sob uma visão pessimista, creio. ao revés, tão realista que bem capaz de fazer florescer um paralelo em que a única justificativa para a vida seja amar. o fundamento maior, de um sentimento que germina ainda no ventre materno e segue o bonito ciclo: cresce, envelhece e se eterniza. não finda. e nos dá sentido para tudo o que é vivo e nos ladeia, sobretudo e sempre para os semelhantes que nos atravessam olhares e afagos ao longo da jornada durável e terminativa. aqui a diferença. a morte é uma etapa física. necessária, inclusive. mas incapaz de pôr fim ao que de mais bonito a gente pode fazer ao viver: revestir de infinito o amor. lição que vem de mãe pra filho em sucessão, seja em que geração for.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
recorro-me às minúsculas, de regresso e pela volta, a nortear-me neste ofício de muitos ais e pouca memória. olhos pisados dentro do quarto, remontando um cenário de letras e cores e sonhos. o meu amor pela escrita, a minha incansável admiração pela robusta força das palavras. eis que tal o meu verdadeiro repouso. escrever. escrever. escrever. com nota mental para jamais esquecer. de quem sou e do que faço quando penso e sinto. agora e sempre. amém.
domingo, 1 de julho de 2012
Primeiro de julho. O primeiro do mês. O dia um. O início da nova página do calendário. O marco em que o quarto é reaberto e invadido. Novos ares o adentram. E logo o velho, o esquecido, o olvidado se retrai. Se retira, segue adiante. Vai embora. Neste dia número um. Neste. Tão simbólico por ser recomeço. Um dia bom. Um fatídico dia. Eis o quarto sendo reaberto. Sendo resgatado, reciclado e aclamado pelo seu antigo e atual morador. Eu, um.
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